Imagine a seguinte situação: você atende um paciente com história de melanoma avançado e lhe dá a melhor notícia possível, dizendo que os exames não mostram sinais de doença após 10 anos do diagnóstico. Isso, muito provavelmente, significa que o paciente está curado e pode sair do consultório livre da ansiedade anual causada pelos exames de acompanhamento.
No entanto, mesmo nos melhores cenários, os oncologistas tendem a evitar a palavra “cura”, buscando outros termos, como “em remissão”, “sem evidências de doença” e “provavelmente curado” para dar as boas notícias. O uso desses termos mais amplos pode dar segurança aos pacientes sem gerar falsas esperanças de que o câncer nunca mais voltará.
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O “ainda que muito pequeno, o risco de futuras recidivas faz com que os oncologistas relutem em usar a palavra ‘cura’, temendo que ela seja interpretada como uma promessa — especialmente do tipo que pode não ser cumprida”, escreveram a Dra. Belinda E. Kiely e o Dr. Martin R. Stockler, oncologistas vinculados à University of Sydney, na Austrália, em um editorial recente.
É seguro para os oncologistas usar a palavra “cura”? A adoção desse termo pode ter efeito negativo? Ou será que o medo latente de recidivas por parte do paciente vai além do uso dessa palavra?
O forte impacto de uma palavra
Parte da hesitação dos médicos em usar a palavra “cura” pode resultar da falta de uma definição bem aceita para o termo na área da oncologia.
Para alguns especialistas, dizer que um paciente está curado significa que ele terá uma expectativa de vida normal, não afetada pelo câncer. Ser capaz de dizer isso com segurança “exige um acompanhamento de longo prazo”, disse o Dr. James Larkin, Ph.D., oncologista clínico ligado ao Royal Marsden Hospital, na Inglaterra.
O National Cancer Institute (NCI) tem uma definição semelhante: “Cura significa que não há sinais de câncer após o tratamento e o tumor nunca mais irá retornar”, diz o site da instituição.
Com informações de Medscape
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