Luciana Gambatto, de 52 anos, foi diagnosticada com câncer de mama metastático em 2021, durante estágio avançado com metástase óssea identificada por raio‑X e biópsia confirmando tumores em ambas as mamas. O tratamento incluiu seis ciclos de quimioterapia a cada 21 dias e procedimento na coluna com implantação de prótese, sem cirurgia mamária. Mesmo após a superação da fase ativa, as sequelas físicas e emocionais continuam e impedem seu retorno ao mercado de trabalho.
Antes balconista de farmácia, Luciana segue sem recolocação profissional e vive apenas com renda de auxílio‑doença e aposentadoria por invalidez, valor inferior ao que recebia trabalhando. Relata pouca empatia do ambiente corporativo e ausência de apoio legal efetivo, apesar de leis existirem “só no papel”.
Segundo pesquisa da Femama, DataFolha e AstraZeneca (2024), 40 % das mulheres deixam de trabalhar após o diagnóstico de câncer de mama; desse grupo, 60 % das trabalhadoras com carteira ou freelancers foram desligadas ou se desligaram. A doença atinge mulheres economicamente e emocionalmente, em especial as com menos de 55 anos, que perdem cedo a chance de independência financeira .
Além dos tratamentos disponíveis via SUS, os custos indiretos — transporte, alimentação, exames — pesam no orçamento e a demora nos diagnósticos leva a estágios mais avançados, aumentando sequelas físicas e emocionais. Mulheres enfrentam resistência para continuar o tratamento sem perder renda, sobretudo as autônomas ou informais. “Muitas querem abandonar o tratamento e não tem quem diga: ‘Continua, vai melhorar’”.
Sequelas como fadiga crônica, limitação de mobilidade no braço, problemas cardíacos, menopausa precoce, ansiedade e depressão podem persistir anos após o fim da terapia. Luciana recorreu ao grupo Viamama, rede local de apoio, para preencher falhas do poder público, com palestras, acolhimento e campanhas.
A dificuldade de reinserção no trabalho, as barreiras financeiras e emocionais, e o estigma no ambiente empregador reforçam a necessidade de políticas eficazes de acolhimento e adaptação profissional para sobreviventes de câncer de mama.
Com informações do Metrópoles; resumo adaptado por Projeto AMIGOS
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