Manter a massa muscular preservada pode ser um diferencial no tratamento do câncer de mama. Um estudo da USP acompanhou 54 mulheres em estágio inicial antes da quimioterapia e comprovou que aquelas com menor quantidade de músculo apresentaram pior resposta ao tratamento, maior toxicidade e menor taxa de sobrevida. Os resultados, divulgados na revista Discover Oncology em 27 de fevereiro, indicam que composição corporal fragilizada reflete prognóstico menos favorável.
A musculatura exerce papel crucial na modulação da inflamação, no metabolismo e na absorção dos medicamentos, explicou a nutricionista Mirele Savegnago Mialich Grecco, da FMRP‑USP. “Mulheres com câncer de mama são predispostas à perda de massa e de força durante o tratamento. Essas alterações podem prever desfechos adversos, como maior toxicidade da quimio e até mortalidade”.
Antes de iniciar a quimioterapia, todas as participantes passaram por tomografias, testes físicos, exames de sangue e avaliação do ângulo de fase via bioimpedância — indicador da qualidade da composição corporal. Após cinco anos, as que tinham baixa massa muscular ou ângulo de fase reduzido, independentemente da idade ou estágio do tumor, apresentaram menor sobrevida.
Embora a tomografia seja o padrão para medir massa muscular, não está sempre disponível. Por isso, os pesquisadores recomendam o uso do ângulo de fase, medido com equipamento portátil e de baixo custo, como ferramenta auxiliar na avaliação dessas pacientes.
Segundo o INCA, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil, com quase 74 mil casos por ano entre 2023 e 2025. A baixa massa muscular ocorre em até 40 % das pacientes, muitas vezes mascarada pelo excesso de peso.
O estudo incentiva a adoção de estratégias desde o diagnóstico: aumentar o consumo de proteínas e incluir atividades físicas respeitando a condição de cada mulher. O objetivo não é hipertrofia, mas evitar perdas significativas e preparar o organismo para sustentar melhor o tratamento — o cuidado pode fazer diferença real na vida dessas pacientes.
Com informações de Metrópoles
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