Vanderson Rocha, hematologista de 60 anos integrante de estudos com terapia CAR‑T no Brasil, vive hoje na inusitada posição de médico e paciente: diagnosticado com sarcoma de Ewing — um tumor raro mais comum em crianças e adolescentes — após já ter vencido um câncer pancreático raro em 2020. O diagnóstico atual surgiu de forma discreta: febre e diarreia levaram a uma tomografia que apontou uma lesão próxima ao intestino. PET‑Scan não confirmou malignidade e uma biópsia foi inconclusiva. O exame avançado de biologia molecular, porém, indicou sarcoma de Ewing em estágio inicial, o que, para ele, trouxe alívio por permitir intervenção precoce.
Por se tratar de um tipo de câncer nem de sua especialidade — ele atua em leucemias, linfomas e mieloma —, a fase de incerteza foi especialmente angustiadora. O fato de ser um tumor raro em adultos aumentou sua ansiedade. Vantajosa, entretanto, foi a descoberta precoce — ainda mais diante de seu acesso privilegiado a médicos no Brasil, França e EUA. O tratamento foi multidisciplinar: cirurgia para remoção completa do tumor, seguida de quimioterapia e radioterapia.
Vanderson optou por seguir trabalhando para manter leveza no ambiente e reforçar a empatia com seus pacientes. Mostra seu rosto sem máscara, sem cabelo e sem barba, compartilha seus momentos mais vulneráveis, inclusive imagens da sobrinha raspando seus cabelos, usando sua própria trajetória como ferramenta de conexão. Continua atendendo presencialmente — exceto em dias de imunodepressão — e faz teleconsultas nos demais momentos, além de adaptar seu internamento para não interromper sua rotina profissional.
Ele vive momentos difíceis — lembra dos dias de angústia, como no dia em que recebeu a notícia da morte do pai durante uma quimioterapia e seguiu na luta. Reconhece que o câncer não foi um presente, mas uma oportunidade: passou a compreender melhor o que seus pacientes enfrentam, a valorizar cada etapa do tratamento, e a se engajar ainda mais para ampliar o acesso a terapias de ponta pelo SUS, reforçando seu compromisso como coordenador nacional de terapia celular na Rede D’Or.
Em sua rede social, Vanderson enfatiza que seu prognóstico é favorável desde o início, que “aprendeu a estar cercado pelo câncer” e que seu envolvimento com a jornada do paciente se intensificou. O diagnóstico pessoal tornou-se uma força para sua jornada profissional: maior empatia, resiliência e determinação em lutar por avanços que gerem impacto real na vida de quem enfrenta o câncer.
Com informações do Viva Bem Uol
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