Cientistas investigam há tempos se o estresse pode aumentar a propensão ao câncer. Evidências em animais e estudos epidemiológicos com humanos sugerem essa relação, mas lacunas persistem. Um estudo recente da Universidade de Brighton, no Reino Unido, publicado no British Journal of Cancer, trouxe novas pistas. Ele analisou o impacto do estresse em pessoas com maior risco genético, especificamente aquelas com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que elevam a probabilidade de câncer de mama e próstata.
A pesquisa mostrou que o cortisol, principal hormônio do estresse, pode causar danos ao DNA ou dificultar sua reparação natural, o que pode desencadear tumores. Esse efeito é mais pronunciado em células com deficiência nos genes BRCA, que já têm menor capacidade de reparar danos genéticos. “O estresse pode funcionar como um gatilho adicional para a doença em indivíduos geneticamente vulneráveis”, explica a psico-oncologista Cristiane Bergerot, da Oncoclínicas.
Os resultados indicam que o estresse crônico amplifica o risco de câncer em portadores dessas mutações, ao induzir danos cumulativos no DNA. A descoberta reforça a importância de estratégias de prevenção que vão além da genética, incluindo o manejo do estresse e o bem-estar emocional. “O estudo abre caminho para abordagens que considerem a saúde mental como parte essencial dos cuidados com a saúde”, afirma Bergerot.
Embora a relação entre estresse e câncer seja complexa, o estudo destaca que fatores emocionais e hormonais podem influenciar o surgimento da doença. A pesquisa sugere que o controle do estresse pode ser uma ferramenta valiosa na redução do risco, especialmente para quem já possui predisposição genética.
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