O menino que enfrentou o câncer e doenças autoimunes e se tornou reitor nos EUA

O menino que enfrentou o câncer e se tornou reitor: ‘Quase não vivi para contar’

Santiago Schnell convive com doenças autoimunes desde a infância, incluindo um câncer aos 15 anos. Durante o ensino fundamental, dividia-se entre os computadores do pai e as experiências científicas com o vizinho, o professor Serafín Mazparrote, autor dos livros de biologia usados na Venezuela.

Enquanto o pai o ensinava programação em um Sinclair ZX 81, Schnell explorava a natureza com Mazparrote, desenvolvendo o fascínio por observar e entender os fenômenos naturais. Essas experiências marcaram sua paixão pelas ciências.

Mas a saúde de Schnell sempre foi frágil. Sofria com alergias, problemas intestinais e, mais tarde, psoríase. O tratamento imunossupressor para essa condição desencadeou um câncer quando ele tinha apenas 15 anos.

Além do câncer, foi diagnosticado com a doença de Crohn, que provoca inflamação crônica do intestino. Após superar esses desafios, Schnell encontrou propósito em ajudar outras pessoas por meio da ciência.

Na Universidade Simón Bolívar, iniciou a graduação em Biologia em 1991. Durante esse período, frequentava o Instituto de Estudos Avançados (IDEA), onde o pesquisador Raimundo Villegas lhe deu uma oportunidade no laboratório em troca de um trabalho árduo: limpar cuidadosamente os instrumentos de vidro por quatro meses. A experiência o ensinou a valorizar os detalhes e a importância do erro no processo científico.

Seu interesse pelas medições computacionais o levou a colaborar com o físico Claudio Mendoza no Instituto Venezuelano de Pesquisas Científicas (IVIC). Dessa parceria nasceu a equação Schnell-Mendoza, que simplifica o estudo das reações enzimáticas em laboratório e na clínica. Mendoza também o incentivou a buscar novos horizontes acadêmicos.

Em 1998, Schnell foi para a Universidade de Oxford, no Reino Unido, onde concluiu o doutorado em Matemática, orientado por Philip Maini. Na Europa e nos Estados Unidos, ele se dedicou a entender o continuum entre saúde e doença, propondo que esses dois estados não são opostos, mas parte de um mesmo espectro.

Hoje, Schnell é reconhecido internacionalmente pelo desenvolvimento de equações matemáticas, softwares e técnicas estatísticas que permitem medir fatores associados à saúde, como a eficiência de enzimas. Apesar das dificuldades, nunca pesquisou diretamente métodos para tratar suas próprias doenças, mas suas contribuições ajudam milhares de pessoas.

Ele convive com as sequelas da doença de Crohn, usa bolsa de colostomia, precisa de respiração artificial para dormir devido à síndrome de Haddad e lida com artrite autoimune. Ainda assim, não parou de contribuir com a ciência.

No dia 1º de julho, Schnell assumiu a presidência do Dartmouth College, uma das oito universidades da Ivy League. Seu maior desafio, segundo ele, não é lidar com decisões políticas, mas restaurar a confiança da sociedade americana nos cientistas.

Schnell acredita na missão da universidade como um serviço público. Quando relembra sua formação na Universidade Simón Bolívar, sente gratidão. Foi lá que aprendeu a pensar cientificamente e a persistir, valores que o acompanham até hoje.

Com informações do Estado de Minas


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