Agosto Branco: por que o câncer de pulmão é um desafio global para a saúde

câncer de pulmão é um imenso desafio global para a saúde. É o segundo tumor mais comum em homens e mulheres no Brasil, somente atrás do câncer de pele. Há mais de 30 anos ocupa a primeira posição em mortalidade no mundo.

Na última década, entretanto, surgiram intervenções promissoras que podem potencialmente superar a resistência intrínseca que o câncer tem ao sistema imunológico do paciente e oferecer soluções personalizadas.

Além disso, uma abordagem multifacetada, envolvendo terapias combinadas que integram agentes direcionados, imunoterapias ou tratamentos citotóxicos tradicionais, minimiza os efeitos adversos.

Mais do que mecanismos de ação elegantes, muitas dessas terapias mostraram resultados consistentes em estudos clínicos bem desenhados e publicados em periódicos médicos de boa qualidade, com olhar crítico.

O papel do tabagismo

Mas essa jornada para compreender e combater o câncer de pulmão tem sido longa. No início do século 19, era uma doença rara, afetando menos de 2% da população. Em meados do século 20, tornou-se a principal causa de mortes relacionadas ao câncer em muitos países.

principal motivo dessa transformação epidemiológica é, de longe, o tabagismo — ativo e passivo — com sua mistura de mais de 7 mil substâncias químicas, das quais 70 sabidamente cancerígenas, que é responsável por cerca de 85% dos casos.

Não tem como falar de câncer de pulmão sem falar do cigarro. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata até 50% dos usuários que não param de fumar

Pesquisadores da University College London (ULC) avaliam que um único cigarro reduz, em média, cerca de 20 minutos de vida de uma pessoa. Isso significa que um maço de 20 cigarros pode reduzir quase sete horas da expectativa de vida de uma pessoa.

Virada na saúde pública

O reconhecimento do tabagismo como a principal causa de câncer de pulmão marcou uma virada na saúde pública, levando a campanhas antitabagismo generalizadas e a um declínio gradual nas suas taxas.

Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE no início dos anos 2020, mostrou que 12,6% dos brasileiros consomem cigarros regularmente, mas o número é significativamente menor do que a porcentagem apresentada pela Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, feita em 1989, que constatava que 34,8% da população era fumante.

Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão foi instituído em 1º de agosto de 2012 como um esforço unificado para conscientizar sobre a doença e se tornou uma data importante no calendário global da saúde.

No início do século 19, era uma doença rara, afetando menos de 2% da população. Em meados do século 20, tornou-se a principal causa de mortes relacionadas ao câncer em muitos países.

STEPHEN STEFANI

Oncologista

São muitas questões em aberto, como ampliar infraestrutura e recursos para diagnóstico e tratamento, campanhas mais pragmáticas de prevenção, estudos responsáveis de como oferecer alternativas viáveis para a indústria fumegeira. A data, portanto, é um momento para refletir sobre as estratégias individuais e coletivas na busca de uma saída para essa complexa situação.

Infelizmente, muitas pessoas ainda seguem fumando, a despeito das propagandas de esclarecimento — como alertas dos riscos que estão estampados nos maços de cigarro. 

Pacientes optam por escolher maços que têm imagens mais distantes de sua realidade: por exemplo, o homem de 70 anos escolhe comprar o maço cuja estampa alerta sobre o aumento de risco de aborto, mas evita comprar o que alerta sobre câncer. Mães evitam as estampas sobre doenças respiratórias nos seus filhos, mas não se importam com estampas sobre impotência!

Informações para ajudar a reduzir o tabagismo

Seguem, então, algumas informações práticas, que podem ajudar nessa missão de reduzir o tabagismo e suas consequências:

  1. Tome a decisão de parar de fumar e comunique seus amigos e familiares. Evite hábitos relacionados, como frequentar lugares nos quais o cigarro é aceito
  2. O cigarro não é calmante. Pode até aliviar os sintomas de abstinência de quem está tentando parar de fumar, mas existem muitas alternativas saudáveis para controlar esses sintomas, como atividade física
  3. Uma radiografia de tórax “boa” não tem nenhum significado para dar segurança de que “está tudo bem com pulmão”. A doença inicia muito antes da identificação radiológica.
  4. Converse com profissionais que podem prescrever tratamentos pertinentes e indicar exames de detecção precoce nos cenários previstos na literatura médica

Para alcançar um futuro livre do vício da nicotina, temos que focar na mudança de comportamento e na mudança de políticas que previnam o vício, ampliem o acesso à cessação do tabagismo  e abordem as individualidades.

Pessoas vulneráveis, como jovens — que equivocadamente buscam os cigarros eletrônicos como alternativa de menor risco —, precisam de atenção especial. Evitar o início do vicio é mais fácil do que se livrar da dependência química que ele provoca.

Com informações da Gaúcha Zero Hora

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