Enfrentar o câncer é um processo que vai muito além dos medicamentos, ainda que o tratamento e acompanhamento médico seja essencial e necessário. Fortalecer o corpo, a mente e o sistema imunológico se torna parte essencial da jornada de cuidado.
E um dos recursos mais promissores, e ainda pouco explorados, é a prática regular de exercícios físicos durante o tratamento oncológico, que também envolve uma alimentação estratégica e rica em flavonoides.
Segundo o oncologista e pesquisador Paulo Bergerô, da Oncoclínicas, incorporar o movimento à rotina de pacientes com câncer pode ajudar a aumentar a imunidade, reduzir os efeitos colaterais e até melhorar a qualidade de vida e a sobrevida.
Por que se exercitar durante o tratamento do câncer?
Durante muito tempo, o repouso era recomendado para quem enfrentava o câncer. Mas estudos recentes mostram o contrário: a atividade física moderada pode ser uma aliada poderosa no controle da doença.
Segundo o médico afirmou no programa CB.Saúde, os exercícios físicos atuam em vários aspectos:
- Combate à fadiga;
- Melhora do humor;
- Fortalecimento dos ossos;
- Redução da perda muscular;
- Regulação do sistema imunológico, essencial para quem está em tratamento.
Além disso, o exercício influencia positivamente o metabolismo e pode contribuir para a redução do risco de recidiva (quando o câncer retorna).
Que tipo de exercício é indicado para pacientes oncológicos?
A resposta mais importante é: o melhor exercício é aquele que o paciente consegue fazer e gosta de praticar.
Caminhadas leves, musculação supervisionada, pilates, yoga ou até jardinagem podem entrar na rotina, desde que seja adaptado às necessidades e limitações de cada um.
A meta recomendada é de 150 minutos por semana de atividade física moderada a intensa. Mas, em muitos casos, o início pode ser com atividades simples, como subir escadas ou se levantar com mais frequência, por exemplo.
E a fadiga: é mesmo possível se exercitar cansado?
O oncologista afirma que sim. A fadiga oncológica é um dos sintomas mais comuns do tratamento, mas a prática regular de exercícios é justamente uma das estratégias mais eficazes para combatê-la.
Começar devagar, com pequenas metas diárias, pode fazer toda a diferença. Com o tempo, o corpo vai respondendo e a disposição tende a melhorar.
Exercício físico também protege os ossos
Alguns tratamentos, como a hormonioterapia utilizada em cânceres de mama e próstata, podem levar à perda de massa óssea.
Nesse cenário, exercícios com impacto controlado e musculação são importantes para prevenir fraturas e preservar a saúde dos ossos. O importante é contar sempre com orientação especializada.
Pesquisas comprovam: quem se exercita vive mais
Uma pesquisa recente no Canadá acompanhou mais de 800 pacientes com câncer de intestino por três anos.
O resultado mostrou que aqueles que foram orientados e acompanhados para praticar exercícios físicos apresentaram maior taxa de sobrevivência e menos retorno da doença.
Esse estudo reforça que, além de melhorar o dia a dia, o exercício pode realmente ajudar na luta contra o câncer.
Por que ainda se fala pouco em exercícios durante o tratamento de câncer?
Apesar de todos os benefícios serem reconhecidos, a prescrição de exercícios ainda é pouco frequente nos consultórios oncológicos.
“Nos nossos estudos, fiz uma entrevista com mais de 450 médicos da América Latina e a taxa de prescrição de exercícios foi baixíssima, inferior a 10%”, alertou Bergerot.
Parte desse desafio está na falta de estrutura, principalmente no sistema público, e na carência de profissionais capacitados para acompanhar esses pacientes com segurança.
O papel dos profissionais e da informação
Para que o exercício seja realmente eficaz, é fundamental que ele seja prescrito de forma individualizada e acompanhado por profissionais preparados, como educadores físicos, fisioterapeutas e médicos que entendam as particularidades de cada tipo de câncer e tratamento.
“É necessário que os profissionais se aprofundem nessas áreas, até mesmo se especializando, para que dê o suporte adequado aos pacientes”, explica.
Paulo Bergerô é representante da América Latina na Sociedade Internacional de Exercício em Oncologia, que busca justamente ampliar o acesso e a formação de equipes especializadas na área.
“Os médicos dos grandes centros de pesquisa têm essa preocupação maior de encaminhar e fazer a prescrição, comparado com os países europeus. Só que a taxa ainda é baixa. Temos um campo imenso para desenvolver dentro dessa área”, ressaltou.
Fonte: Tudo Gostoso
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