Ana Carolina Tunussi, 33 anos, enfermeira pediátrica e oncológica, viu sua vida mudar após sentir dores intensas e cansaço em agosto de 2021. Mesmo após um check-up recente, passou dias com dor crescente, perda de peso, suor noturno e coceira intensa. Em um pronto-socorro, exames mostraram alteração na bilirrubina e suspeita de pedra na vesícula. Durante uma endoscopia, médicos encontraram imagens suspeitas no abdome. A partir de novos exames, veio a notícia devastadora: 19 tumores espalhados pelo corpo, sendo o maior próximo ao coração. Após biópsias e cirurgias, foi diagnosticada com linfoma não Hodgkin de células B e iniciou quimioterapia em novembro daquele ano.
Com o tratamento, parecia haver melhora, mas uma pequena atividade tumoral persistia. Pouco tempo depois, surgiram novos nódulos no pescoço e veio a confirmação da recidiva. Ana enfrentou então novas quimioterapias, transplante autólogo de medula óssea e radioterapia. Mesmo após tantos esforços, a doença voltou. Exausta, chegou a pedir cuidados paliativos, acreditando não ter mais forças para continuar. Mas, encorajada por sua médica e família, decidiu tentar mais uma vez. Dessa vez, a proposta era a terapia celular CAR-T, um tratamento inovador, mas ainda de altíssimo custo.
Sem condições de custear o procedimento, Ana entrou com ação judicial contra o convênio. Inicialmente, conseguiu uma liminar, mas a decisão foi derrubada em menos de 24 horas. No entanto, um dos médicos informou que o hospital poderia arcar com o tratamento, desde que não houvesse processo ativo. No dia 28 de novembro, foram coletados os linfócitos, e em janeiro Ana recebeu a infusão do CAR-T. O líquido transparente, administrado em apenas dez minutos, simbolizou sua última esperança. O início foi difícil: febre, dores intensas, confusão mental e convulsões a levaram à UTI. Mesmo assim, resistiu, e aos poucos recuperou sua lucidez.
No dia do CAR-T, Ana escreveu a frase “Estou curada a partir de hoje” como parte do protocolo neurológico. Nos dias seguintes, tentava reescrevê-la, mas não conseguia. Ficou 35 dias internada e, após o tratamento, seguia para o ambulatório diversas vezes por semana. Em maio, seu organismo estabilizou. No exame de julho, o terceiro após o procedimento, não havia mais sinais da doença. Ana está em remissão. Para ela, o sentimento é de alívio e libertação, ainda assimilando a realidade de que, depois de tanta luta, deu certo.
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