O câncer colorretal, terceiro mais incidente no Brasil, causou mais de 24 mil mortes em 2023, com aumento de 47% na mortalidade em 20 anos, segundo o Inca. Apesar disso, o SUS não possui um programa estruturado de rastreamento para esse tipo de tumor, ao contrário do que ocorre com os cânceres de mama e colo de útero, que contam com mamografia e papanicolau. A ausência de rastreamento dificulta a detecção precoce, resultando em diagnósticos tardios, tratamentos mais complexos e maior mortalidade. Desde novembro de 2023, o Ministério da Saúde e o Inca estudam, por meio de um Grupo de Trabalho, a implementação de um programa de rastreamento, mas sem prazo definido para sua efetivação. As diretrizes, em elaboração, devem ser apresentadas à Conitec até o fim de 2025.
A Sociedade Brasileira de Coloproctologia recomenda colonoscopia a partir dos 45 anos para pessoas sem sintomas ou histórico familiar, ou a partir dos 40 anos para quem tem casos na família. Como alternativa, o teste de sangue oculto nas fezes (FIT) é usado em outros países como triagem inicial, seguido de colonoscopia em casos positivos. O FIT, realizado a cada dois anos para pessoas de 50 a 74 anos, é menos invasivo e mais viável para aplicação em larga escala, enquanto a colonoscopia, padrão-ouro, permite identificar e remover pólipos intestinais, lesões pré-cancerígenas que podem evoluir para tumores malignos. Cerca de 95% dos tumores colorretais afetam o intestino grosso, e 10% dos testes FIT resultam positivos, exigindo investigação adicional.
A falta de um programa no SUS é atribuída aos altos custos e à necessidade de infraestrutura, como aumento de até dez vezes na capacidade de testes FIT e cinco vezes em colonoscopias, além da carência de profissionais especializados. O Inca já oferece cursos para qualificação, incluindo um específico para colonoscopistas. Estudos, como um publicado na Gastroenterology em 2019, mostram que o rastreamento pode reduzir a mortalidade em até 52%. Campanhas como o Março Azul, da SBCP, reforçam a importância da prevenção, com resultados como a remoção de 242 pólipos e diagnóstico de sete casos de câncer em 2025. O Ministério da Saúde incentiva a detecção precoce a partir de sintomas e oferece tratamento integral no SUS, mas a ausência de rastreamento estruturado segue como desafio.
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