O adenocarcinoma gástrico e de junção gastroesofágica é um dos tipos de câncer mais prevalentes globalmente. Historicamente, o protocolo de tratamento tradicional para pacientes com doença localmente avançada ressecável envolve a realização de cirurgia, seja para a remoção total ou parcial do estômago, combinada com quimioterapia. No entanto, as taxas de recorrência da doença sob essa terapia convencional permanecem elevadas.
O estudo de fase 3 MATTERHORN investigou a possibilidade de aprimorar esses resultados por meio da inclusão de imunoterapia no regime pré-cirúrgico. Os resultados do estudo foram divulgados na 41ª Conferência da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica (ESMO), por Josep Tabernero, professor do Instituto de Oncologia Vall d’Hebron, em Barcelona.
O estudo MATTERHORN comparou o tratamento padrão com a combinação da quimioterapia utilizando os medicamentos fluorouracil, leucovorina, oxaliplatina e docetaxel (protocolo conhecido como FLOT) mais o imunoterápico durvalumab (D + FLOT). Um total de 948 pacientes participaram da pesquisa, sendo metade alocada para receber o imunoterápico e a quimioterapia e a outra metade recebendo placebo e quimioterapia.
A análise final de sobrevida global, apresentada no Congresso da ESMO de 2025, indicou um benefício relevante para o grupo que recebeu o tratamento combinado. O regime D + FLOT demonstrou uma redução do risco de óbitos em aproximadamente 22% em comparação com o grupo que recebeu apenas a quimioterapia (FLOT com placebo). Este ganho na sobrevida global foi considerado estatisticamente significativo ($p = 0,021$) e clinicamente importante.
Frederico Müller, oncologista da Oncologia D’Or, ressaltou a relevância do estudo, afirmando que a associação da imunoterapia à quimioterapia antes da cirurgia (terapia perioperatória) representa um avanço. Segundo o especialista, esta abordagem oferece um aumento na sobrevida global e potencializa as chances de cura em casos de câncer gástrico ou de junção gastroesofágica que são passíveis de ressecção.
Em razão das altas taxas de recidiva observadas com o tratamento tradicional, João Fogacci, também oncologista da Oncologia D’Or, manifestou a avaliação de que o estudo MATTERHORN estabelece a combinação de imunoterapia e quimioterapia como a abordagem preferencial para a cura do câncer gástrico em pacientes que demonstram tolerância ao regime. Os resultados apontam para uma consolidação desta terapia combinada como um novo padrão no tratamento da doença ressecável.
Fonte: Terra
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