Como rastrear sangue oculto e prevenir câncer colorretal cedo

A cantora Preta Gil faleceu aos 50 anos devido a um câncer de intestino (câncer colorretal), diagnosticado após notar sintomas como prisão de ventre e sangue nas fezes. A doença é o terceiro tipo mais comum no Brasil, com cerca de 46 mil diagnósticos ao ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora a maioria dos casos ocorra em pessoas com mais de 60 anos, há um aumento significativo entre adultos mais jovens.

O câncer colorretal costuma ter início silencioso e evolução lenta, dificultando o diagnóstico precoce. No caso de Preta Gil, ela relata que sentiu dores abdominais e observou fezes achatadas com sangue, o que a levou a procurar atendimento médico emergencial nos Estados Unidos, onde foi monitorada por exame de imagem que identificou tumores.

Diante desse cenário, organizações como a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e o Inca recomendam a triagem em torno dos 50 anos, mas entidades médicas já sugerem iniciar o rastreamento aos 45, considerando o aumento de casos em faixas etárias mais jovens.

Um exame simples, barato e acessível pode auxiliar na investigação: a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que apresenta sensibilidade de cerca de 60%. Ou seja, dos exames feitos em pessoas com sangramento, aproximadamente 60% são positivos. Esse exame sozinho não é diagnóstico, mas serve como triagem para a realização da colonoscopia, que é o padrão-ouro na detecção de lesões e pólipos pré-malignos.

Um exemplo prático veio do mutirão realizado em Goiás durante o “Março Azul”, mês de conscientização ao câncer intestinal. Foram distribuídos 8 mil kits de exame em pessoas entre 45 e 70 anos. Dentre os 2.500 testes realizados, 8% tiveram resultado positivo; 563 pessoas foram encaminhadas à colonoscopia e 423 se submeteram ao procedimento. Foram identificadas 462 lesões em 231 pacientes (ou seja, 54% dos examinados), e confirmados quatro casos de câncer avançado.

Esses dados reforçam que o câncer colorretal pode ser prevenido em quase 100% dos casos, se lesões pré-malignas forem identificadas e tratadas precocemente. Aproximadamente 15% dos pólipos adenomatosos evoluem para câncer. A colonoscopia permite identificação e remoção desses pólipos, reduzindo significativamente o risco futuro.

Além do rastreamento, a prevenção envolve estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, redução do consumo de álcool e embutidos. O sedentarismo e a má alimentação aumentam o risco da doença, enquanto hábitos saudáveis contribuem para reduzir a mortalidade.

Apesar do baixo custo, o exame de sangue oculto nas fezes tem limitações: sensibilidade moderada e necessidade de repetição periódica. Uma vez com resultado alterado, o paciente deve realizar colonoscopia para investigação e remoção de lesões. A conscientização da população e adesão ao rastreamento são fundamentais para a eficácia dessas estratégias.

Em síntese, observar sinais como sangue nas fezes, realizar exame de sangue oculto e seguir com colonoscopia quando indicado são passos essenciais no combate ao câncer colorretal. Aliado a isso, adotar hábitos saudáveis e atenção aos sintomas pode salvar vidas.

Conteúdo completo no G1 / imagem Freepik


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