A Rússia afirmou, na última sexta-feira (06/09),ter concluído o desenvolvimento de uma vacina experimental contra o câncer colorretal, o mesmo que afetou Preta Gil. A filha de Gilberto Gil foi diagnosticada em 2023, mas não resistiu ao avanço da doença e faleceu em julho deste ano, durante tratamento experimental nos Estados Unidos. As informações são da agência de notícias estatal russa Tass.
A novidade foi divulgada por Veronika Skvortsova, chefe da Agência Federal de Medicina e Biologia (FMBA), durante o Fórum Econômico do Leste, em Vladivostok, na última semana. Segundo ela, o imunizante estaria “pronto para uso” após anos de pesquisa e testes pré-clínicos.
Skvortsova disse que os estudos realizados indicaram segurança e resultados positivos, como redução de 60% a 80% no crescimento dos tumores e maior sobrevida entre os animais testados. A tecnologia utilizada é a de RNA mensageiro, a mesma aplicada nas vacinas contra a Covid-19, mas neste caso com caráter terapêutico, voltada para atacar o tumor já existente.
A vacina foi desenvolvida em parceria pelo Centro Nacional Gamaleya, pelo Instituto Hertsen e pelo Centro Blokhin, todos de Moscou.
Apesar da promessa, especialistas ao redor do mundo destacam que os dados não foram publicados em revistas científicas nem informações claras sobre a etapa regulatória. Não está claro se a Rússia aguarda autorização para iniciar testes clínicos em humanos ou se pretende aplicar a dose diretamente em pacientes.
“Sempre que surge um novo medicamento, é preciso seguir o rigor das fases de estudo clínico para comprovar eficácia e segurança. Sem transparência, não há como avaliar”, afirmou Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ao O GLOBO.
O oncologista David James Pinato, do Imperial College London, também reforçou à revista Newsweek que, com as informações disponíveis, não é possível saber em que estágio real o projeto se encontra. Ele ressaltou que, no cenário científico, resultados precisam ser revisados por pares e registrados em plataformas internacionais de ensaios clínicos, o que não ocorreu até o momento.
A FMBA já havia declarado no fim de 2023 que a vacina poderia começar a ser aplicada em 2025, expectativa também reforçada pelo presidente Vladimir Putin, que a classificou como uma inovação promissora. Além do câncer colorretal, pesquisas preliminares indicam que versões semelhantes estariam em desenvolvimento para glioblastoma, tipo agressivo de câncer cerebral, e para melanoma, forma mais letal do câncer de pele.
Enquanto isso, outras farmacêuticas avançam em estágios mais transparentes. A americana Moderna, em parceria com a MSD, chegou à fase final dos testes de uma vacina terapêutica contra melanoma, com resultados publicados no The Lancet que apontam redução de até 62% no risco de morte ou metástase.
No Brasil, a Fiocruz retomou neste ano um estudo com RNAm voltado para o câncer de mama, interrompido durante a pandemia.
Fonte: Alô Alô Bahia
Descubra mais sobre Projeto AMIGOS - 16 anos
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
