Câncer de pele: como identificar manchas suspeitas?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), O câncer de pele é o tipo de neoplasia mais frequente no Brasil e no mundo, mas é também um dos mais preveníveis. As chances de cura podem chegar a mais de 90% com o diagnóstico precoce e cuidados diários. A radiação ultravioleta acumulada ao longo da vida é o maior gatilho para o surgimento da doença — e ela atinge desde pessoas que buscam bronzeado até quem se expõe diariamente ao sol no trabalho.

“Na maioria dos casos, ele pode ser evitado com a mudança de hábitos simples e diários. A radiação UV é o principal fator de risco, e a conscientização sobre o uso correto de barreiras protetoras pode salvar vidas”, destaca o dermatologista do IBCC Oncologia, Dr. Aldo Toschi.

Para o médico, a identificação precoce de lesões suspeitas é importante para o sucesso do tratamento, especialmente no caso do melanoma, que é o tipo mais agressivo. “A recomendação principal é examinar a própria pele mensalmente. Qualquer mudança em pintas ou o aparecimento de novas lesões exige atenção”, orienta.

Para facilitar a identificação de lesões suspeitas, o dermatologista ressalta a importância da regra do ABCDE:

  • Assimetria: lados da lesão que não são iguais.
  • Bordas: contornos irregulares, mal definidos ou recortados.
  • Cor: diversas cores na mesma pinta (tons de preto, vermelho, marrom, etc.).
  • Diâmetro: normalmente maior que 6 mm
  • Evolução: alterações no tamanho, forma, cor ou o surgimento de coceira e sangramento.

Como se cuidar?

“Moramos em um país muito ensolarado. A exposição solar irracional, sem fotoproteção adequada, favorece para que o câncer de pele seja o mais frequente” destaca a dermatologista Elisabeth Lima, que atua com ênfase em dermatologia oncológica e doenças autoimunes. “A radiação solar é como juro na conta atrasada, vai juntando com o passar do tempo. Os danos causados pelo sol na infância e na adolescência se acumulam e podem se manifestar décadas depois, aumentando consideravelmente as chances de câncer de pele”.

Pessoas de pele clara e histórico familiar para câncer de pele devem sempre procurar métodos de proteção solar, diariamente, mesmo em ambientes fechados ou em dias nublados. A recomendação é utilizar um protetor solar, contra raios UVA e UVB, com FPS mínimo de 30 ou superior.

“A aplicação precisa cobrir todas as áreas expostas, incluindo orelhas, pescoço e lábios, cerca de meia hora antes de se expor ao sol. A eficácia do produto depende da reaplicação a cada duas horas de exposição contínua, ou imediatamente após banhos de mar ou piscina e sudorese intensa”, explica Aldo.

O uso de barreiras físicas, como chapéus de abas largas, óculos de sol com 100% de proteção UV e roupas com fator de proteção ultravioleta (FPU) é uma forma de reforçar ainda mais a proteção. Além disso, a exposição solar deve ser evitada ou reduzida ao máximo nos horários entre 10h e 16h, período de maior incidência da radiação solar.

“Outro fator importante para os cuidados com a pele é ter uma dieta balanceada e rica em antioxidantes, como vitaminas A e C e Betacaroteno, que contribuem para a saúde geral da pele, auxiliando na defesa do organismo”, ressalta Toschi.

Também é importante consultar, anualmente, um dermatologista ou em períodos mais curtos para pacientes com risco aumentado ou com histórico pessoal de câncer. Dermatologistas ressaltam que qualquer ferida que não cicatrize em até quatro semanas é um sinal de alerta e deve ser avaliada por um médico imediatamente.

Pessoas de alto risco (pele clara, olhos e cabelos claros) necessitam de avaliações anuais ou, imediatamente, no aparecimento de sinais de alerta.

Tratamento e chances de cura 

O câncer de pele, quando diagnosticado cedo, tem altas chances de cura. A especialista explica que o tratamento depende do tipo e da fase da lesão:

Lesões pré-cancerosas

A queratose actínica (lesão de pele causada pela exposição crônica ao sol ao longo dos anos) surge em áreas muito expostas ao sol, como rosto, orelhas, braços e couro cabeludo.

Tratamentos mais comuns:

  • Crioterapia: congelamento da lesão com nitrogênio líquido;
  • Cremes medicamentosos: usados para tratar várias lesões ao mesmo tempo;
  • Terapia fotodinâmica: aplicação de uma substância seguida de luz especial para destruir células alteradas.

Câncer de pele não melanoma

Inclui o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular.

Tratamentos:

  • Cirurgia, que é o método mais utilizado;
  • Cirurgia de Mohs, indicada para tumores em áreas delicadas do rosto;
  • Curetagem e eletrocoagulação, para lesões pequenas;
  • Radioterapia, quando a cirurgia não é possível.

Melanoma

É o tipo mais agressivo.

Tratamento:

  • Cirurgia precoce é fundamental;
  • Em casos avançados, imunoterapia e terapias-alvo aumentam a sobrevida.

Por que tratar cedo?

Tratar no início significa maior chance de cura, procedimentos menos invasivos e melhor resultado estético. Qualquer mancha que mude de cor, cresça, sangre ou não cicatrize deve ser avaliada por um dermatologista. A proteção solar diária continua sendo a forma mais eficaz de prevenção.

“Quanto mais cedo identificamos, maior é a chance de cura. A fase da lesão é decisiva. Quando a doença é descoberta na fase inicial é feita a cirurgia e as chances de cura são de até 90%. Mas, quando diagnosticada tardiamente, até órgãos importantes como boca, olhos e orelhas podem ser afetados, precisando até amputá-los. O tipo mais grave da doença é o melanoma, quando não diagnosticado precocemente o risco de morte chega a até 75%”, alerta Elisabeth Lima.


Descubra mais sobre Projeto AMIGOS - 16 anos

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados *